De acordo com um estudo publicado no jornal Menopause, publicado pela North American Menopause Society (NAMS), existem pelo menos seis motivos principais do porquê algumas mulheres têm a libido menos afetada na menopausa.
O estudo envolveu mais de 200 mulheres com idades entre 45 a 55 anos, visando determinar como a menopausa afetava a libido. Se os participantes experimentaram ou não disfunção sexual foi avaliado com base nos critérios do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM – 5).
Os pesquisadores também analisaram o estado da imagem corporal de cada indivíduo, a satisfação sexual, a qualidade do relacionamento e os sintomas da menopausa por meio de várias medidas.
O estudo foi desenhado para entender o quão eficaz a terapia de reposição hormonal foi importante para reduzir a disfunção sexual após a menopausa, mas os resultados apontaram para alguns outros fatores muito interessantes.
As seguintes experiências foram relacionadas com a experiência de maior satisfação sexual em mulheres na menopausa:
- Atitudes positivas sobre sexo;
- Imagem corporal positiva;
- Satisfação com seu relacionamento;
- Mais parceiros sexuais para toda a vida;
- Experiências positivas com sexo, especificamente aquelas envolvendo estar atento ao próprio prazer durante a relação sexual;
- Sintomas físicos da menopausa menos graves.
Tomados em conjunto, deixando os sintomas físicos de lado, esses resultados sugerem que ter um relacionamento saudável com sua sexualidade, em geral, pode ser um dos fatores mais importantes para determinar como nossa libido e nosso funcionamento sexual mudam mais tarde na vida. Mas há um outro fato que impacta as mulheres, como veremos a seguir.
Baixos níveis de estrogênio influenciam o sexo
Há outro aspecto fundamental que influencia a experiência sexual das mulheres: o nível de estrogênio.
A relação entre o estrogênio e a saúde sexual é intrínseca. Os tecidos que circundam a abertura vaginal e os tecidos da vulva são muito dependentes de estrogênio. Eles têm inúmeros pequenos receptores de hormônio nos tecidos que se ligam ao estrogênio.
Assim, o estrogênio ajuda a tornar o tecido robusto, lubrificado e macio. Porém, quando não temos estrogênio suficiente, os receptores não têm nada a que se ligar e, dessa forma, surgem os problemas na hora do sexo.
Os lábios (também conhecidos como dobras externas e internas da vulva) tornam-se mais finos, mais secos, frágeis e a abertura e o canal vaginal podem ficar mais atrofiados, ou seja, menores. Isso causa mais secura, coceira e dor durante o ato sexual.
Isso é chamado de vaginite atrófica (VA) ou atrofia vaginal, e pode até causar pequenas microrrupturas nos tecidos quando eles tentam acomodar o pênis ou mesmo um sex toy.
Os sintomas de atrofia vaginal incluem dispareunia (dor), secura, alteração do pH vaginal e alterações urinárias e genitais. E, para entendermos melhor sobre o assunto, separamos uma lista com mitos e verdades. Confira a seguir!
A atrofia vaginal é reversível? Descubra mitos e verdades!
Para ajudar a iluminar o território da atrofia vaginal, o Dr. Luciano de Melo Pompei, ex-presidente da Associação Brasileira de Climatério (SOBRAC), esclarece abaixo os principais mitos e verdades sobre a condição.
1: Qualquer ressecamento no período da menopausa corresponde a atrofia vaginal.
Mito. Segundo o Dr. Luciano, “apesar de ser a causa mais comum, nem sempre a sensação de ressecamento no período da menopausa significa uma atrofia da vagina. O ressecamento pode ocorrer devido ao tabagismo; medicamentos e tratamentos oncológicos; infecções vaginais e urinárias; além de problemas de natureza psicológica. Na presença dessa sensação, a paciente deve procurar seu médico ginecologista para avaliação clínica”.
2: Toda mulher sofre com atrofia vaginal na menopausa.
Depende. “A atrofia e o ressecamento vaginal são pouco frequentes logo no início da menopausa. Entretanto, os sintomas vão aumentando e piorando com o passar dos anos. Por volta de três anos depois da última menstruação, quase metade das mulheres se queixam de ressecamento. Entre dez a quinze anos depois da menopausa, essa taxa sobe para a grande maioria das mulheres. Então, com o avanço da idade, aumentam as chances de a mulher vivenciar a atrofia vaginal”, explica Dr. Luciano.
3: É possível prevenir a atrofia vaginal.
Verdade. “O surgimento da atrofia vaginal está relacionado à diminuição dos hormônios sexuais femininos, que é irreversível”, comenta o Dr. Luciano. “Entretanto, a realização de tratamentos de reposição hormonal pode dificultar o surgimento e manifestações da atrofia vaginal”.
4: A atrofia vaginal relacionada à menopausa não tem cura.
Verdade. “A diminuição na produção dos hormônios endógenos é um processo natural do organismo feminino, toda mulher passa por isso e é irreversível. A mulher na menopausa não volta a produzir esses hormônios, mas é possível realizar um controle constante para equilíbrio dos níveis hormonais no corpo. Existem tratamentos com base na reposição hormonal, ou no uso tópico a partir de cremes ou óvulos vaginais de hormônios, além dos hidratantes vaginais. Há também quem busque intervenções com laser e radiofrequência para estimular a melhora do colágeno da vagina e a proliferação da mucosa”, elucida Dr. Luciano.
5: O lubrificante íntimo ajuda a tratar a atrofia vaginal.
Mito. Segundo o Dr. Luciano, “o lubrificante é uma substância desenvolvida para possibilitar o ato sexual quando não há presença de lubrificação natural ideal para a relação. Ele não tem nenhuma característica que propicie retenção de líquido e recuperação da mucosa vaginal, por isso seu uso deve ser restrito ao ato sexual”.
6: O hidratante vaginal é um grande aliado da mulher com atrofia vaginal.
Verdade. “O hidratante vaginal tem propriedades de bioadesão à mucosa vaginal e grande capacidade de retenção de água, o que acaba contribuindo para a recuperação da sua elasticidade e também para a manutenção do pH vaginal. É um tratamento que oferece rápido alívio dos sintomas da atrofia vaginal”, explica Dr. Luciano.
7: A paciente com atrofia vaginal pode ter prazer em relações sexuais e uma boa qualidade de vida.
Verdade. “Caso a mulher identifique manifestações da atrofia vaginal, ela deve procurar o médico ginecologista, que fará um breve exame clínico para diagnóstico do problema e irá indicar o melhor tipo de tratamento para aquele momento de vida da mulher, levando em consideração tanto o conforto físico quanto o bem-estar emocional da paciente”, aponta Dr. Luciano.
“É essencial disseminar informações de qualidade para que as mulheres entendam os processos do corpo feminino, o papel dos hormônios e o impacto de suas alterações, naturais ou não. Muitas mulheres não sabem que a atrofia vaginal ocorre por conta da diminuição de hormônios no período da menopausa. É importante conversar com o médico especialista para gerar essa conscientização e instituir medidas de prevenção e tratamento a fim de manter a qualidade de vida da mulher”, finaliza Dr. Luciano.
Conclusão
A menopausa marca uma transição significativa na vida das mulheres, trazendo consigo mudanças que afetam vários aspectos da saúde, incluindo a sexual. Como discutido ao longo deste artigo, os desafios associados à libido, ao sexo e à menopausa são complexos, mas não intransponíveis.
A pesquisa da North American Menopause Society (NAMS) e os esclarecimentos do Dr. Luciano de Melo Pompei destacam não apenas os problemas enfrentados, como a atrofia vaginal e a diminuição dos níveis de estrogênio, mas também as estratégias eficazes para gerenciar e, em muitos casos, melhorar a qualidade de vida sexual e geral durante este período.
Importante é lembrar que a abordagem a essas questões não deve se limitar ao aspecto físico. A atitude positiva em relação ao sexo, uma imagem corporal saudável, a satisfação com o relacionamento e a abertura para explorar e comunicar necessidades e desejos sexuais podem desempenhar papéis igualmente fundamentais na manutenção da satisfação sexual.
Além disso, a prevenção e o tratamento da atrofia vaginal, seja através de terapias de reposição hormonal, uso de hidratantes ou lubrificantes vaginais, ou mesmo intervenções mais recentes como laser e radiofrequência, são vitais.
O diálogo aberto e informado entre mulheres e profissionais de saúde é fundamental. O empoderamento feminino começa com a informação e a capacidade de tomar decisões informadas sobre a própria saúde e bem-estar, garantindo, em muitos casos, a melhora da qualidade de vida sexual e geral.
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