Como lidar com a “Síndrome do Ninho Vazio”

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Sabe aquele momento em que os filhos saem de casa e nos sentimos, primeiro, espantadas, depois, desanimadas, sem função, sozinhas? É a tal da “Síndrome do Ninho Vazio”. Uma espécie de vácuo que se abre na vida familiar e doméstica, alvoroçando as emoções, principalmente as das mães.

A gente passa anos cuidando deles, criando, educando e, de repente, eles resolvem voar. Por mais que a gente saiba que isso é imprescindível para o desenvolvimento dos filhotes, não necessariamente estamos preparadas. Não é?

Mulheres que se dedicaram exclusivamente aos filhos sofrem mais

Será que eles vão saber se cuidar, se virar, se alimentar? Será que eles virão nos visitar? Muitos fantasmas vêm nos assombrar nessa fase. Em geral, quem mais sofre com esse processo são as mulheres, principalmente aquelas que deixaram de trabalhar e construíram a vida com um único objetivo, um foco só: a família e a criação dos filhos. Por isso, escancara-se um imenso vazio, um tempo que não passa nunca e que acarreta uma pergunta incômoda: O que vou fazer da minha vida?

“Quando coincide com a menopausa, é um momento em que as mulheres estão supersensíveis, com todas as fantasias de envelhecimento, porque não podem ter mais filhos. Logo, a autoestima fica lá para baixo. Muitas entram em depressão”, aponta a psicanalista Sylvia Loeb.

É importante saber diferenciar tristeza de depressão

Sentir certa tristeza é normal, ela assegura, porque se trata de um momento novo, uma separação. Mas essa angústia, devagarinho, deve passar. Agora, se você for capturada por uma dor que não acaba nunca, longa, sofrida, se começar a ter fantasias de que nunca mais vai ver seu filho, de que você o perdeu, aí é perigoso, porque você está entrando num luto grave.

“O luto é um processo normal. Todo mundo o vivencia num momento de perda. Mas ele passa. Porém, se o quadro envolver muito sofrimento e fantasias de nunca mais, é preciso procurar ajuda. É importantíssimo ser acompanhada para sair desse luto recomposta”, orienta Sylvia.

Para lidar com isso do jeito que conseguem, muitas mulheres concentram toda a sua atenção no marido e nos filhos. Pode imaginar a confusão, os mal-entendidos? “Não adianta querer resolver, querer controlar fora, nos outros, na situação, alguma coisa que você não consegue controlar dentro de si: sua ansiedade, sua tristeza, suas questões”, alerta a psicanalista.

Os filhos se afastam, mas o vínculo de amor perdura

É comum uma mãe pensar que vai perder os filhos, quer dizer, perdê-los para outra família, para a nora, para o genro. Contudo, isso não acontece. Eles estão saindo de casa para começarem a criar as próprias vidas. É importantíssimo que eles saiam debaixo das asas dos pais e sejam responsáveis por suas próprias escolhas. Consequentemente, eles ficam mais maduros e as relações, emocionalmente mais interessantes, mais significativas. Chega a ser surpreendente.

“Ao compreender isto, os pais permitem que os filhos saiam de casa sem culpa. Estando conscientes de que não podem estragar o comecinho da vida adulta deles”, destaca Sylvia.

Passado o susto do ninho vazio, é hora de se reinventar

Depois que você superou o luto e a tristeza amainou, cabe a pergunta: O que você vai fazer da sua vida? Vai retomar um projeto antigo, inacabado? Vai viajar? Vai fazer um trabalho voluntário? Vai se dedicar aos netos? Reformar a casa? Fazer uma mudança? Tudo isso é interessante para criar novas rotinas, para gerar novas relações e para que você se sinta parte de um universo bem mais amplo do que o ninho familiar.

Por falar nisso, como está seu casamento? A vida a dois passa por um teste de fogo nesse momento, porque, na hora em que os filhos saem de casa, o casal fica frente a frente. “Os filhos funcionavam como um meio de campo que impedia esse face a face. Agora não tem jeito. É o momento de pensar se vale a pena ou não resgatar essa relação”, esclarece Sylvia.

Falando assim, pode soar nebuloso e ameaçador, mas, acredite, o ninho vazio não é uma tragédia. Há modos criativos de viver esse rito de passagem. Novas pesquisas sugerem que esse processo deixou de ser tão traumático como era antigamente. Isso porque as mulheres estão aproveitando esse momento para finalmente desfrutar da liberdade, para perseguir novos objetivos e realizações, para concretizar projetos que não puderam ser viabilizados antes. Imagine a satisfação que muitas encontram em se reconectar com velhos amigos, arejar o casamento ou buscar um novo parceiro.

Então, mulheres, vamos tratar da nossa solidão, do nosso vazio, do nosso tempo que não passa. Não vamos deixar para os nossos filhos fazerem isso por nós. Eles precisam viver as questões deles. Bater asas. E voar.



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